TEATRO E EDUCAÇÃO

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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

sucesso de 30 anos

A festa dos 30 anos de Apareceu a Margarida

Referência no teatro cearense, o ator Ricardo Guilherme comemorou no último sábado o aniversário do seu solo inaugural Apareceu a Margarida com uma apresentação da peça no TJA
19.09.2011| 01:30
O ator mostrou mais uma vez seu domínio no palco e fascinante técnica vocal na pele da professora Margarida (KLEBER A. GONÇALVES) O ator mostrou mais uma vez seu domínio no palco e fascinante técnica vocal na pele da professora Margarida (KLEBER A. GONÇALVES)

A plateia que ocupou metade das cadeiras da Sala de Dança no anexo do Theatro José de Alencar presenciou no último sábado um momento histórico do teatro cearense: o ator e diretor Ricardo Guilherme subiu mais uma vez ao palco para encenar Apareceu a Margarida, solo inaugural da sua carreira, apresentado no dia 17 de setembro de 1981, no Theatro Universitário Pascoal Carlos Magno. Marco simbólico no trabalho de Ricardo Guilherme, um dos mais importantes investigadores das potencialidades do monólogo na cena cearense, a montagem definiu época abrindo perspectiva para o teatro de pesquisa no Ceará.

Exatos 30 anos depois da estreia, não restam dúvidas de que a história da professora Dona Margarida, sua visão irônica e contraditória das relações de poder em uma sala de aula do primário, continua atual. Alguém há de encontrar semelhanças entre o antigo exame de admissão e a histeria dos colégios em preparar os alunos para o vestibular. Por trás do humor do texto de Roberto Athayde - escrito nos anos 1970 - e a interpretação de Ricardo Guilherme, uma crítica precisa da pedagogia que cala o aluno, valorizando acima de tudo a educação como manutenção da ordem e da autoridade do docente.

Conflito da personagem
“Quais são aqueles que merecem? São aqueles que obedecem”, diz Dona Margarida em certa altura da peça. A personagem também repente várias vezes a pergunta: “Tem alguém ai chamado Messias? E Jesus? Nenhum Jesusinho? Nem Espírito Santo? Algum Che Guevara?” E conclui: “Ótimo! Então vão todos vocês pra puta que pariu!”

O conflito da personagem entre a compostura que deve manter diante dos alunos (“Desculpem, desculpem, eu não quero ser dura com vocês”) e a sua noção cruel e pessimista – e extremamente lúcida – dos sentidos subjacentes à suposta “matéria” a ser ensinada é magistralmente exposto pela interpretação de Ricardo Guilherme, que mostrou mais uma vez seu domínio do palco e sua fascinante técnica vocal.

Ao final, declarou: “Hoje faz exatos 30 anos da primeira apresentação deste espetáculo, portanto da carreira de trinta anos de uma professora”. Nessas três décadas, Dona Margarida rodou o mundo, apresentada nas mais diferentes línguas. Países como Portugal, França, Alemanha, Cuba, Costa Rica e Tunísia assistiram o monólogo. “Ela está na crise dos 30”, brincou Guilherme, que ainda ressaltou o fato raro de um ator continuar por tanto tempo refazendo uma peça.

Pedro Rocha
pedrorocha@opovo.com.br
FONTE: JORNAL O POVO

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