Jogos teatrais na escola pública      
      
Ricardo Ottoni Vaz Japiassu
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      Resumo:
O artigo apresenta os resultados parciais de pesquisa etnográfica que acompanha aspectos do desenvolvimento cultural  de pré-adolescentes com a linguagem teatral em classe multisseriada,  através do ensino regular de Teatro, em escola de ensino fundamental da  rede pública estadual de São Paulo-SP. Os dados obtidos permitem afirmar  que a linguagem cênica contribui na conscientização das novas  possibilidades de significação da palavra na prática discursiva.
      
Palavras-chave: metodologia do ensino de artes; teatro-educação; jogos teatrais; psicologia cultural.
      
                O conhecimento que não é     obtido através da experiência pessoal não é 
totalmente conhecimento
1
Lev Semenovich Vygotsky
Aprendemos através da experiência, e
ninguém ensina nada a ninguém
Viola Spolin
      1. APRESENTAÇÃO
      O  texto a seguir caracteriza-se como comunicação dos resultados parciais  obtidos até aqui com a pesquisa "Jogos Teatrais na Escola Pública:  Aspectos do desenvolvimento cultural de pré-adolescentes com a linguagem  teatral nas séries iniciais do ensino fundamental em São  Paulo-SP/Brasil", sob orientação da Profª. Drª. Maria Lúcia de Souza  Barros Pupo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São  Paulo (ECA-USP).
Inicialmente  se fará uma breve exposição das inter-relações entre Teatro e Educação  no Brasil, apresentando os referenciais teórico-práticos eleitos para a  elaboração de proposta pedagógica para o ensino do Teatro na educação  escolar. Em seguida será explicitado o conceito de desenvolvimento  cultural subjacente à abordagem histórico-cultural do funcionamento  mental humano, enfatizando-se sua concepção do processo ontogenético de  formação de conceitos. Paralelamente serão esclarecidos a noção de jogos teatrais,  articulando-a com a leitura histórico-cultural do desenvolvimento, e os  objetivos da investigação em curso. Logo após se fará o detalhamento  dos procedimentos metodológicos adotados na pesquisa e, por fim,  apresentar-se-ão as possíveis contribuições da articulação entre o  paradigma histórico-cultural do desenvolvimento e a implementação de  propostas pedagógicas para o ensino do Teatro na educação escolar.
      
2. FUNDAMENTOS TEÓRICO-PRÁTICOS DE UMA PROPOSTA PARA  O ENSINO DO TEATRO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR BÁSICA
      As  artes são ainda contempladas sem a atenção necessária por parte dos  responsáveis pela elaboração dos conteúdos programáticos de cursos para  formação de professores alfabetizadores e de propostas curriculares para  a educação infantil e ensino fundamental no Brasil. Embora os objetivos  da educação formal contemporânea estejam direcionados para a formação  omnilateral, quer dizer, multilateral, holística, total do ser humano  (Saviani,1997) o ensino das artes na educação escolar brasileira segue  concebido por muitos professores, funcionários de escolas, pais de  alunos e estudantes como supérfluo, caracterizado como lazer, recreação  ou luxo – apenas permitido a crianças e adolescentes das classes  economicamente mais favorecidas.
No entanto, segundo Vygotsky 
"é  perfeitamente admissível a opinião de que as Artes representam um  adorno à vida, mas isso contradiz radicalmente as leis que sobre elas  descobre a investigação psicológica. Esta mostra que as Artes  representam o centro de todos os processos biológicos e sociais do  indivíduo na sociedade e que se constituem no meio para se estabelecer o  equilíbrio entre o ser humano e o mundo nos momentos mais críticos e  importantes da vida. Isso supõe uma refutação radical do enfoque das  Artes como adorno." (1972,p.316) (Grifo meu)
2Os estudos na linha de pesquisa denominada Teatro-Educação  exigem familiaridade com o vocabulário e saberes de dois extensos e  complexos campos do conhecimento humano: o Teatro e a Educação. O ensino  do Teatro na educação escolar básica nacional foi formalmente  implantado há cerca de quase trinta anos no âmbito dos conteúdos  abrangidos pela matéria Educação Artística, oferecida  obrigatoriamente por força da Lei 5692/71. Embora o ensino do Teatro se  encontre presente na educação escolar brasileira já desde o século  dezesseis, com a implementação da pedagogia inaciana pelos jesuítas,  somente a partir da década de setenta incrementaram-se os estudos e  investigações a respeito das inter-relações entre Teatro e Educação, no  país, especialmente com a formação do grupo paulista de pesquisadores  nesta área, numa iniciativa da profª Drª Ingrid Dormien Koudela da  Escola de Comunicação e Artes da Universidade do Estado de São Paulo.
Embora  formalmente instituídos no Brasil há pouco mais de duas décadas os  estudos sobre as inter-relações entre Teatro e Educação já contam com  uma expressiva e significativa produção acadêmica. No entanto, pelo que  se conseguiu apurar até aqui, são ainda pouco numerosos os trabalhos  neste campo do conhecimento que utilizam a abordagem histórico-cultural  do desenvolvimento inaugurada por Vygotsky como raia teórica para  análise das práticas teatrais. Grande parte dos estudos que se propõem a  analisar e discutir o papel do Teatro para o desenvolvimento cognitivo,  numa perspectiva psicopedagógica, elege como referenciais teóricos as  abordagens cognitivista de Jean Piaget e psicodramática de J. L. Moreno.
As  descobertas de Piaget sobre a estrutura, funcionamento e  desenvolvimento cognitivo da criança influenciaram as práticas  pedagógicas desenvolvidas na educação escolar de tal forma que suas  idéias continuam reverberando ainda hoje no pensamento pedagógico  contemporâneo. Todavia com a derrubada do muro de Berlim, em 1989, e até  mesmo antes, já durante a guerra fria, o Ocidente pôde tomar  conhecimento de uma outra abordagem do funcionamento mental do ser  humano: o paradigma histórico-cultural do desenvolvimento proposto por  Lev Semenovich Vygotsky (teatrólogo, professor e psicólogo judeu  russo-soviético).
A abordagem  histórico-cultural ou sócio-histórica do desenvolvimento foi inaugurada  com a apresentação e análise dos resultados das investigações  psicológicas desenvolvidas na Rússia pós-revolucionária sob a  responsabilidade de Vygotsky. Suas idéias permaneceram desconhecidas do  Ocidente até o final dos anos cinqüenta, quando se encerrou a ditadura  stalinista e se permitiu a reimpressão e publicação dos seus estudos.  Embora contemporâneo de Piaget – e tradutor de suas primeiras  publicações para o russo – Vygotsky foi ignorado pelo mundo capitalista  durante quase meio século. Piaget, após tomar conhecimento das  importantes descobertas de Vygotsky sobre o desenvolvimento da mente,  lamentou profundamente o fato de não ter tido oportunidade de discutir  com ele suas idéias (Kohl, 1995, p.53). Embora tenha produzido uma ampla  e diversificada obra que soma cerca de 180 textos sobre Arte Infantil,  Crítica Literária, Defectologia, Estética, Lingüística, Medicina,  Neurolingüística, Pedagogia, Psicologia, Psiquiatria e Teatro, Vygotsky  morreu aos 37 anos em 1934, vitimado pela tuberculose. O ano de sua  morte é o mesmo em que foi acusado de "burguês" e "eclético" pelo  "vaticano" soviético e em que todos os seus livros se tornaram proibidos  na Rússia, coincidindo com a consolidação da ditadura stalinista  (Blanck,1996, p.42).
O impacto do modelo  histórico-cultural do desenvolvimento sobre as práticas pedagógicas  formais e não-formais no Brasil se fez sentir com especial vigor a  partir dos anos noventa com o incremento da divulgação do pensamento  vigotskiano no meio educacional brasileiro. Conseqüentemente, os estudos  sobre a dimensão pedagógica do Teatro não poderiam ficar indiferentes  nem fugirem à discussão desse novo paradigma do funcionamento mental  humano. Conhecer a abordagem histórico-cultural do desenvolvimento e  incorporá-la ao exame de questões que dizem respeito ao ensino do Teatro  deve contribuir para o esclarecimento das inter-relações entre Teatro e  Educação.
A sistematização de uma proposta  para o ensino do Teatro, em contextos formais e não-formais de educação,  através de jogos teatrais, foi elaborada pioneiramente por Viola Spolin  ao longo de quase três décadas de pesquisas junto a crianças,  pré-adolescentes, adolescentes, jovens, adultos e idosos nos Estados  Unidos da América. Utilizando a estrutura do jogo com regras como  base para o treinamento de teatro, Viola Spolin ambicionava libertar a  criança e o ator amador de comportamentos de palco mecânicos e rígidos.  Seus esforços resultaram no oferecimento de um detalhado programa de  oficina de trabalho com a linguagem teatral destinado a escolas, centros  comunitários, grupos amadores e companhias teatrais (1975, p.4,1992,  p.4-5). A base de sua proposta pedagógica em procedimentos do teatro  improvisacional interagiu com o movimento de renovação cênica do Teatro  (do qual participou ativamente Moreno e que teve inicio nas primeiras  décadas deste século, em todo o planeta) repercutindo intensamente no  meio educacional brasileiro sobretudo a partir dos anos setenta, após a  experimentação de seu sistema de jogos teatrais pelo grupo de  pesquisadores da ECA-USP em Teatro-Educação, liderados por Ingrid Koudela, responsável pela tradução brasileira de seu livro Improvisação para o Teatro, publicada pela editora Perspectiva.
Os jogos teatrais são procedimentos lúdicos com regras explícitas. A palavra teatro tem sua origem no vocábulo grego theatron que significa "local de onde se vê" (platéia). A palavra drama, também oriunda da língua grega, quer dizer "eu faço, eu luto" (SLADE,1978, p.18). No jogo dramático entre sujeitos (Faz-de-conta) todos são "fazedores" da situação imaginária, todos são "atores". Nos jogos teatrais o  grupo de sujeitos que joga pode se dividir em "times" que se alternam  nas funções de "atores" e de "público", isto é, os sujeitos "jogam" para  outros que os "observam" e "observam" outros que "jogam". Na  ontogênese, o jogo dramático (faz-de-conta) antecede o jogo teatral. Esta passagem do jogo dramático ao jogo teatral, ao longo do desenvolvimento intelectual da criança, pode ser explicada como "uma  transição muito gradativa, que envolve o problema de tornar manifesto o  gesto espontâneo e depois levar a criança à decodificação do seu  significado, até que ela o utilize conscientemente, para estabelecer o processo de comunicação com a platéia." (Koudela,1992, p.45) (Grifo meu). Os jogos teatrais  são intencionalmente dirigidos para o outro. O processo em que se  engajam os sujeitos que "jogam" se desenvolve a partir da ação  improvisada e os papéis de cada jogador não são estabelecidos a priori  mas emergem a partir das interações que ocorrem durante o jogo. A  finalidade do processo é o desenvolvimento cultural e o crescimento  pessoal dos jogadores através do domínio e uso inter-ativo da linguagem teatral, sem nenhuma preocupação com resultados estéticos cênicos pré-concebidos ou artisticamente planejados e ensaiados. O princípio do jogo teatral é o mesmo da improvisação teatral e do teatro improvisacional, isto  é, a comunicação que emerge a partir da criatividade e espontaneidade  das interações entre sujeitos mediados pela linguagem teatral, que se  encontram engajados na solução cênica de um problema de atuação.
Conhecer  mais as relações e inter-relações entre jogo dramático, jogos teatrais,  aprendizado e desenvolvimento deve contribuir para a construção de  saberes sobre as possibilidades de interação entre Teatro e Educação. A  investigação de pré-adolescentes em situações de jogo teatral possibilita  a coleta de informações relevantes para a compreensão do papel do  Teatro no desenvolvimento cultural do ser humano e fornece pistas  importantes para a implementação de projetos pedagógicos escolares que  pretendam demarcar o espaço das artes em seus componentes curriculares,  valorizando-as como formas superiores de ação e funcionamento mental  humanas.
      
3. JOGOS TEATRAIS E DESENVOLVIMENTO CULTURAL
      A expressão desenvolvimento cultural foi cunhada por Vygotsky e segue sendo utilizada pela Escola Russa de Psicologia para  referir-se ao desenvolvimento cognitivo do ser humano. A tese central  desta escola, formulada por Vygotsky, é a de que a estrutura e o  desenvolvimento dos processos psicológicos humanos emerge através da  atividade prática mediada simbólico-culturalmente pelas linguagens,  conforme o desenvolvimento histórico das condições materiais de produção  de determinada sociedade (Cole,1998, p.108). Esta perspectiva de  análise e compreensão psicológica do desenvolvimento cognitivo humano  denomina-se abordagem histórico-cultural do desenvolvimento.
Segundo a abordagem histórico-cultural do desenvolvimento as funções psicológicas superiores ou formas superiores de atividade mental  (memória mediada, ações voluntárias, pensamento abstrato e imaginação  criativa) só poderiam ter emergido do trabalho coletivo dos seres  humanos empenhados na transformação da natureza a partir da articulação  entre o uso de ferramentas (faca, arado, por exemplo) e o uso de  instrumentos psicológicos (signos – dos quais a linguagem falada e  escrita seria o mais importante de todos). Para a escola  histórico-cultural da Psicologia as funções psicológicas inferiores, biologicamente determinadas (esquemas reflexos de ação e instintos, por exemplo), seriam subjugadas pelas formas superiores de atividade mental,  consciente e deliberadamente organizadas. Assim, a percepção, cognição e  emoções humanas teriam sido re-elaboradas a partir do princípio da enculturação ou da internalização da cultura na qual o sujeito se encontra imerso e com a qual interage ativamente.
As  principais características desta abordagem psicológica do  desenvolvimento foram enumeradas pelo Prof. Dr. Michael Cole (1998,  p.104), psicólogo e pesquisador norte-americano da Universidade da  California de San Diego-UCSD
3, responsável por diversos estudos transculturais do desenvolvimento cognitivo na perspectiva histórico-cultural: 
       a) ênfase no caráter mediado das inter-ações em contextos   sócio-histórico-culturais determinados;
b) adoção do "método genético" entendido de forma ampla e   abrangendo quatro níveis de análise:
b.1. filogenético  (histórico-evolutivo inter-espécies) –   Desenvolvimento do ser humano  comparado ao de outras espécies animais com base na   hipótese  evolucionista de Charles Darwin;
b.2. ontogenético (sócio-evolutivo intra-espécie) – Ciclos   biológicos mais ou menos semelhantes entre sujeitos da mesma espécie;
b.3. macrogenético  (histórico-cultural da sociedade) –   Condições sociais,  econômicas,históricas e culturais em que se desenvolve o grupo do   qual  faz parte o sujeito;
b.4. microgenético  (experiência pessoal e sócio-cultural do   sujeito) – História das  interações e experiência individual de determinado   sujeito em  determinado contexto sócio-cultural;
c) preocupação em esclarecer o contexto em que ocorrem as   análises;
d) entendimento de que a mente emerge da atividade inter-subjetiva   dos seres humanos (a mente concebida como co-elaborada, em permanente processo de   construção coletiva e socialmente compartilhada);
e) defesa de que os sujeitos são agentes ativos  de seu próprio   desenvolvimento mas que, ao mesmo tempo, não possuem  total liberdade de ação e escolha   sobre o próprio comportamento devido  ao processo de enculturação;
f)  rejeição de explicações do tipo "causa-efeito" ou   "estímulo-resposta"  do comportamento em favor de uma leitura dos fenômenos   observados que  enfatize novas possibilidades de ação da mente em atividade,    reconhecendo o papel central do caráter hermenêutico, interpretativo, na  elucidação da   estrutura da atividade analisada;
g) aproveitamento de procedimentos metodológicos tanto das ciências   humanas quanto das ciências sociais e biológicas.
As observações e o acompanhamento de sujeitos dos sete aos onze anos de idade, em inter-atividade com jogos teatrais na educação escolar, devem confirmar a hipótese do importante papel ocupado pela linguagem teatral no desenvolvimento cultural do  ser humano, especialmente no processo de apropriação e utilização  consciente de sistemas de representação semióticos. Um dos principais  focos de análise das interações com jogos teatrais neste trabalho será o reflexo do processo de formação de conceitos espontâneos e científicos ou sociais dos sujeitos observados, elegendo-se para seu exame o uso cênico de palavras e a construção do sentido teatral destas no jogo.
O processo ontogenético de formação de conceitos foi examinado e estudado por Vygotsky exaustivamente.  Suas investigações lhe permitiram identificar três grandes estágios no  desenvolvimento de formas superiores do funcionamento mental humano, as  quais percorrem uma trajetória que vai desde o pensamento sincrético à abstração reflexionante ou pensamento categorial (por conceitos). Embora Vygotsky reconhecesse o fato de os conceitos implicarem a capacidade de abstração e generalização, necessária às operações cognitivas formais, ele identificou dois tipos distintos de conceitos: os conceitos "científicos" ou "sociais" e os conceitos "cotidianos"  (Vygotsky,1993, p.45-75). Alexander Romanovich Luria, neuropsiquiatra  russo e seu colaborador, auxilia a compreensão da distinção elaborada  por Vygotsky:
       Por  um lado queríamos observar como os sujeitos definiam objetos usados    normalmente (conceitos "cotidianos"); por outro lado, idéias abstratas    inculcadas pelo sistema social (conceitos "científicos"). "Árvore",    "sol", "automóvel" e coisas semelhantes são exemplos dos primeiros;    "uma cooperativa", "liberdade" são exemplos dos outros. (1994, p.114)
 
      Para  Vygotsky o processo de formação de conceitos estava enraizado no uso  das palavras porque elas adquiriam significados diferentes nos estágios  sucessivos do desenvolvimento e funcionamento mental do ser humano. Para  ele só formas qualitativamente superiores de pensamento permitiam o uso  da palavra transcendendo sua referência objetal. A referência objetal  diz respeito à função "denotativa" ou "referencial" da palavra, ao seu  papel designativo, como explica A.R. Luria:
       Efetivamente,  a palavra designa um objeto, uma ação, uma qualidade ou   uma relação.  Em psicologia, esta função da palavra, conforme L. S. Vygotsky    (1934,1956,1960), designa-se referência objetal, como função de  representação,   de substituição do objeto. A palavra, como elemento da  linguagem humana, está sempre   dirigida para fora, para um objeto  determinado e sempre designa ou um objeto (por exemplo,   "pasta",  "cachorro") ou uma ação ("estar",   "correr"), ou uma qualidade,  propriedade do objeto ("pasta de couro",   "cachorro mau"), ou uma  relação entre os objetos ("A pasta está sobre a   mesa", "o cachorro sai  correndo do bosque"). Isto significará que a   palavra que possui uma  referência objetal pode tomar a forma de um substantivo   (designando  uma qualidade) ou de uniões, como preposições, conjunções (designando    determinadas relações). Este é o traço diferenciador da linguagem humana  da assim   chamada "linguagem" dos animais. (1987, p.32) (Grifo do  autor)
O processo de formação dos conceitos sociais de "Foco" e de "Fisicalização", subjacentes à estrutura do sistema de jogos teatrais  proposta por Viola Spolin, por exemplo, poderão ser acompanhados ao  longo das sessões de trabalho com a turma de escolares observados.  Paralelamente, contudo, deve ser examinado o uso cênico de palavras em  situações teatrais improvisadas que incorporem a expressão verbal e nas  quais o emprego da palavra, no jogo teatral, possa fornecer pistas sobre  a elaboração intersubjetiva de seu sentido. Em muitos jogos teatrais  que abordam textos de maneira lúdica, a transcendência da referência  objetal se dá inevitavelmente no processo desencadeado pelo jogo,  oportunizando insights aos jogadores. Aliás o próprio Vygotsky  reconheceu ao Teatro a primazia na abordagem da questão do pensamento  por trás das palavras e destacou aspectos do texto cênico (repertório  gestual, entonação, silêncios, pausa etc.) que ajudam a distinguir entre  significado e sentido de uma determinada palavra numa elocução voluntariamente enunciada (Vygotsky,1993, p.127-32).
As  propostas de inter-ação com a linguagem teatral apresentadas ao grupo  investigado foram estruturadas a partir de sugestões de atividades para o  teatro improvisacional e em procedimentos didático-operacionais  ancorados no sistema de jogos teatrais concebido por Viola Spolin para o trabalho com sujeitos a partir dos sete anos de idade, divulgado através de seus livros "Improvisação para o Teatro" e "Arquivo de Jogos Teatrais".
      
4. UMA ABORDAGEM QUALITATIVA DO ENSINO DO TEATRO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR
      A  escolha do paradigma histórico-cultural do desenvolvimento, na  abordagem qualitativa de questões educacionais, encontra na metodologia  etnográfica, inicialmente utilizada pela Antropologia e Sociologia, os  fundamentos para seus procedimentos investigatórios (Smolka &  Góes,1993, p.9-13). O uso da etnografia em educação pressupõe o  entendimento das inter-relações entre ensino e aprendizado dentro de um  determinado contexto cultural, no qual se inscreve a escola ou o espaço  das intervenções educativas propostas (André & Lüdke,1986, p.13-7).  Assim, uma das implicações operacionais desta concepção de pesquisa que  incide sobre os procedimentos metodológicos adotados neste tipo de  abordagem, qualitativa, é a disponibilidade do pesquisador para rever a  definição de hipóteses iniciais redescobrindo o problema no campo. Essa  abertura para descoberta de novas possibilidades de leitura dos fatos  observados não descarta a existência de determinados critérios no  desenvolvimento das investigações. É o caso, por exemplo, do tempo  mínimo para a realização da pesquisa de campo, que não deve ser inferior  ao período de um ano letivo escolar (Wolcott apud André &  Lüdke,1986, p.14). Outra exigência da abordagem etnográfica é a presença  do pesquisador nos locais de observação durante a maior parte do  trabalho (Firestone e Dawson apud André & Lüdke,1986, p.14). Este  tipo de investigação recorre à observação direta das atividades do grupo  estudado e a entrevistas com informantes que convivem com os sujeitos  que estão sendo acompanhados. A coleta de dados utiliza recursos como  videoteipes, fotografias, levantamento de histórias de vida e análise de  documentos. No método etnográfico de pesquisa faz-se necessária a  participação ativa do pesquisador nas interações com o grupo observado e  a escolha do tipo de intervenção investigatória pressupõe basicamente  três etapas: exploração, decisão e descoberta.
O  desenvolvimento da observação em escola da rede pública de ensino  fundamental se deve ao fato de nela ser possível encontrar um contexto  mais diferenciado do ponto de vista social, no que se refere ao  agrupamento de sujeitos por séries de semelhante faixa etária. O  ambiente multicultural da escola pública oferece maiores possibilidades  para que ocorram freqüentes interações entre sujeitos de diferentes  classes e grupos sociais oportunizando a prática da tolerância no  confronto, inevitável, de valores éticos, lingüísticos, morais,  religiosos, econômicos e sociais distintos. A Escola Pública é um fórum  privilegiado para o exame das interações entre sujeitos mediados  pedagogicamente porque se constitui num meio sócio-culturalmente mais  rico e diversificado.
Inicialmente contactou-se  a "Escola Estadual de Primeiro Grau Regina Miranda Brant de Carvalho",  pertencente à região administrativa da 20ª Delegacia Estadual de Ensino,  situada em Engenheiro Marsilac, zona sul de São Paulo. Nela foram  realizadas entrevistas e observações da rotina do trabalho escolar  durante os meses de outubro, novembro e dezembro de 1997, recorrendo-se a  questionários, livre conversação e vídeo-registro das atividades  pedagógicas teatrais desenvolvidas na escola. Verificou-se o  oferecimento de aulas de Teatro, sob a denominação de Educação Artística,  para alunos exclusivamente da 4ª série, conduzidas por um professor  estagiário com formação em curso de habilitação para o magistério de  nível médio e alguma experiência na prática do teatro amador. O trabalho  com Teatro nesta escola caracteriza-se basicamente por ensaios para  encenações alusivas ao calendário cívico e a datas comemorativas  (Independência do Brasil, Primavera, Natal etc.) geralmente concebidas e  dirigidas pelo professor de Educação Artística.
Os  dados relativos às práticas pedagógicas para o exercício da linguagem  teatral na escola Regina Miranda reforçaram a pertinência da proposição  da pesquisa que quer acompanhar o desenvolvimento cultural de  pré-adolescentes interagindo em situações próprias ao ensino regular de  Teatro: o jogo teatral. Ali, constatou-se que a linguagem teatral  está a serviço de encenações alusivas ao calendário cívico-comemorativo  escolar sem, aparentemente, nenhuma preocupação crítica de abordagem  dos temas "dramatizados". Na "peça" alusiva à chegada da primavera  (video-registrada pela pesquisa na fase exploratória) são utilizados  recursos como dublagem, abrir e fechar exaustivo de cortinas e  declamações mnemônicas cujo sentido escapava à compreensão dos "atores"  mirins. Tais fatos, somados ao depoimento do professor de Teatro,  revelam a renúncia de uma pesquisa sistemática das possibilidades  estéticas e comunicacionais da linguagem teatral improvisada, em favor  da urgência das montagens tematizadas e exigidas pela escola.
Diante dos fatos acima verificados, propôs-se a constituição de uma turma multisseriada, com alunos das diversas séries (1ª a 4ª), para o trabalho regular com jogos teatrais  durante o período de um ano letivo. A proposta, submetida ao colegiado  escolar da instituição, foi aprovada e está sendo implementada desde  abril do ano em curso (1998), com a assistência do professor de Teatro  (Educação Artística) da unidade de ensino onde se realiza a pesquisa.
A decisão de se eleger uma escola da rede pública estadual  para a realização da pesquisa justifica-se porque, como se sabe, a Lei  9394/96 circunscreveu a obrigatoriedade do atendimento por parte dos  estados da Federação apenas à clientela do ensino fundamental e médio,  municipalizando com isso a educação infantil. Na EEPG escolhida, o alvo  da pesquisa são pré-adolescentes na faixa dos sete aos onze anos, regularmente matriculados na primeira, segunda, terceira e quarta séries do ensino fundamental.
Constituir 
turmas multisseriadas reunindo sujeitos regularmente matriculados em séries distintas é uma prerrogativa do ensino de artes assegurada pela nova LDB. 
Turmas multisseriadas oferecem condições para a criação de novas 
zonas de desenvolvimento proximal 4 através de interações subjacentes à 
internalização dos fundamentos semióticos da linguagem teatral, ampliando em muito a 
área social de desenvolvimento potencial dos  sujeitos observados. O trabalho com turmas multisseriadas tem  caracterizado a prática pedagógica do pesquisador desde 1993  (Japiassu,1996, p.42). A experiência com este tipo de agrupamento, que  reúne sujeitos de idades e séries escolares distintas, tem demonstrado  excelentes resultados no desenvolvimento cultural e crescimento pessoal  dos educandos, estimulando-os a romperem os preconceitos entre séries,  comuns na cultura escolar, e a diversificarem seu círculo de amizades e  de trocas de experiências. Também, costuma favorecer o intercâmbio e a  comunicação entre os escolares das diversas séries e contribuir na  mobilização estudantil, no interior do estabelecimento de ensino, em  torno de questões consideradas relevantes pela comunidade escolar. Do  ponto de vista pedagógico-teatral, a classe multisseriada se constitui  num ambiente rico em possibilidades de interação e de soluções originais  de problemas de atuação cênicos além de um espaço privilegiado para o  exercício da tolerância e aceitação das "diferenças".
O  total de sujeitos integrantes da turma multisseriada é de doze, sendo  três os alunos que representam cada uma das séries (1ª, 2ª, 3ª e 4ª). O  grupo foi constituído por seis pares de sujeitos, de sexo oposto cada  par. Embora a quantidade de educandos da turma multisseriada não reflita  a realidade encontrada no cotidiano das salas de aula da escola (média  de 35 alunos por turma) isso se deve à necessidade de análise microgenética  da atuação teatral improvisada dos sujeitos que estão sendo observados.  O trabalho experimentalmente desenvolvido na turma multisseriada poderá  ser reproduzido eventualmente em outras turmas seriadas pelo professor  de Teatro da escola, caracterizando-se também como "formação em serviço"  daquele profissional.
As sessões de trabalho  têm a duração mínima de 50 e máxima de 80 minutos e ocorrem  quinzenalmente. Na escola há um mesmo professor responsável pela  condução das atividades, e estas se desenvolvem na presença do  pesquisador, que as registra em vídeo com filmadora JVC/VHS modelo  GR-AX710. 
Os critérios para ingresso dos sujeitos na  turma multisseriada foram o da livre e espontânea vontade de tomar parte  no trabalho e o da aquiescência e autorização por escrito dos pai.
5São  promovidos encontros quinzenais entre o pesquisador e o professor  responsável pela coordenação dos trabalhos na escola antes e após as  sessões de áudio-vídeo-registro dos sujeitos em interatividade com os jogos teatrais.  A seleção, escolha, planejamento e explicitação dos procedimentos para  apresentação das propostas de jogo, bem como a avaliação das atividades  desenvolvidas; da atuação teatral improvisada dos sujeitos sob  observação e do processo de expressão cênica obtidos são discutidos  nestas ocasiões. Isso faz com que o pesquisador esteja presente semanalmente na escola onde ocorre a investigação.
Estima-se a realização de pelo menos quinze sessões de áudio-vídeo-registro das atividades conduzidas pelo professor-coordenador com as crianças e outras quinze sessões  de planejamento, discussões e avaliações entre o pesquisador e o  professor-coordenador das atividades na escola. Caso esta estimativa se  concretize serão ao todo trinta sessões de trabalho, perfazendo um total geral de cerca de trinta horas de gravação  em vídeo. Estão previstas visitas às famílias dos educandos que  integram o projeto; entrevistas com seus professores regulares; coleta  do depoimento de colegas, amigos e funcionários da escola; e consulta a  documentos escolares relativos a cada um dos sujeitos observados.
      
5. PERSPECTIVA INCLUSIVA DO TEATRO-EDUCAÇÃO
      Os  resultados parciais obtidos até aqui com a observação de alguns  aspectos do desenvolvimento cultural de pré-adolescentes, dos sete aos  onze anos, em classe multisseriada que reúne sujeitos regularmente  matriculados da primeira à quarta série, mediados pedagogicamente pela  linguagem teatral, permitem que sejam renovadas as esperanças de  inclusão definitiva do Teatro no elenco das matérias que integram as  grades curriculares das séries iniciais do ensino fundamental no Brasil e  logram contribuir na sinalização de procedimentos metodológicos que  concorram para a consolidação de uma proposta pedagógica que privilegie  os jogos teatrais e o fazer do teatro improvisacional na educação  escolar básica nacional.
As análises dos dados recolhidos apresenta a turma multisseriada como fórum privilegiado para a criação de Área Social de Desenvolvimento Potencial e criação de diversas zonas de desenvolvimento proximais na  medida em que, com turmas desta natureza, configuram-se espaços  possíveis, assegurados pela legislação em vigor, para a prática da  tolerância e de uma educação inclusiva das diferenças numa perspectiva  que transcenda a estreita compreensão da reunião de alunos em séries por  idade e faixa etária, integrando também e sobretudo sujeitos portadores  de necessidades especiais.
As  implicações escolares-educacionais e pedagógicas do paradigma  histórico-cultural do desenvolvimento humano, nas quais se insere a  proposta de ensino do Teatro apresentada com o presente trabalho,  assinalam a importância do que se pode fazer com ajuda de outros mais  capazes e experientes e o que se faz sozinho, entregue à resolução  solitária de problemas, ou ao isolamento cultural em determinado grupo  social. A qualidade das interações intersubjetivas, culturalmente  mediadas, interferem decisivamente no processo de constituição dos  sujeitos.
      
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Abstract: 
The article shows partial results of ethnographic research in which  kids are observed in their cultural development process with theater  classes in public school education in São Paulo/Brazil. The data  colected indicates that the use of theater games in school education  helps students to be aware of a word’s new meaning possibilities in  human comunication. 
       Keywords: arts teaching methodology; theater-education; theater games; cultural psychology.
      (Recebido em 4 de maio de 1998; aprovado em 5 de novembro de 1998.)
* Professor da Universidade do Estado da Bahia - UNEB/Campus X - Teixeira de Freitas. 1  Versão minha da tradução norte-americana de Robert Silverman intitulada  "Educational Psychology" (Boca Raton, Florida. St.  Lucie.Press,1997:48).
2 Versão minha da tradução espanhola de Victoriano Imbert intitulada "Psicologia del Arte" (Barcelona: Barral, 1972,p.316).
3 O Prof. Dr. Michael Cole foi orientado, entre o final da década de sessenta e o início dos anos setenta, em Moscou, por Alexander Romanovich Luria  (colaborador e amigo de Vygotsky que integrou a "troika" – grupo de  pesquisa liderado por Vygotsky junto ao Instituto de Psicologia de  Moscou, que incluía a participação de A. N. Leontiev). Atualmente, o  Prof. Cole dirige o Laboratório de Cognição Humana Comparada do Departamento de Comunicação da Universidade da Califórnia de San Diego-UCSD. O laboratório de Cognição Humana Comparada possui uma lista de discussão na internet,  gerenciada pelo Prof. Cole, que se propõe a reunir interessados na  abordagem histórico-cultural do desenvolvimento inaugurada por Vygotsky.  Para fazer parte daquele forum permanente e gratuito de discussão via  telemática é necessário enviar solicitação de ingresso para  <xmca-request@weber.ucsd.edu> ou para o próprio Prof. Cole em  <mcole@weber.ucsd.edu >.
4 O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal-ZDP  formulado por Vygotsky refere-se à diferença entre os níveis de  desenvolvimento potencial e real de sujeitos submetidos a processos de  aprendizado. Uma das implicações pedagógicas deste conceito que incide  sobre a avaliação de escolares é a necessidade de que esta seja  concebida prospectivamente, levando em consideração não até onde o  sujeito chegou mas até onde ele poderá chegar com a intervenção e a  ajuda de outros mais experientes ou capazes. A ênfase recai no processo  em si de aprendizado e não nos resultados com ele obtidos. Alguns  estudiosos da abordagem histórico-cultural advogam a necessidade de se  compreender o conceito de ZDP como uma Área Social de Desenvolvimento Potencial  que ultrapassa os limites de ambientes formais de educação ou de uma  orientação unidirecional no sentido professor-aluno. A ZDP resultaria  assim de toda e qualquer interação mediada culturalmente entre sujeitos  (LIMA,1995:448-9).
5  A realização de imagens de menores de idade, mesmo para utilização  acadêmica ou científica, sem fins publicitários, só é possível com  autorização por escrito dos pais ou responsáveis.
Fonte:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-25551998000200005&script=sci_arttext